Estávamos há alguns dias viajando pelo sul da América Latina, conhecendo as noites agitadas da capital argentina e pisando pela primeira vez em terras uruguaias. Sempre foi um sonho conhecer Montevidéu e suas águas sob o pôr-do-sol tão famoso da cidade. Era 26 de dezembro de 2023, e como todo dia a qualquer hora, um bom momento pra visitar uma vinícola. Estava um dia quente na Bodega Bouza, passeamos pelas parreiras de uvas, visitamos a adega histórica e todas as casas coloniais que pudemos . Depois de um almoço maravilhoso, deitamos na grama, entre as plantações de vinha, e ali mesmo, noivamos. Foi debaixo de uma árvore, num piquenique só de vinho, nos sentindo muito gratos e sortudos pela vida, que começamos a planejar esse dia, o dia do nosso casamento. Voltando para a cidade, lá estava o pôr-do-sol, o mais lindo que já vimos, num dos dias mais especiais da nossas vidas.
"Na verdade, pra ser bem sincera, eu descobri no meio da viagem que seria pedida em casamento. Pra ser mais exata, descobri um dia antes, na noite de natal. Minha mãe foi conosco para o Uruguai, e havíamos feito um jantar lindo no dia 25, regado a massas, vinhos e muitas risadas. Fernando ficou com sono, e foi dormir. Eu, depois de algumas horas conversando com a minha mãe, fui até o quarto para pegar meias, pois senti frio. A título de informação, eu e Fernando usamos as mesmas meias, sempre. Então, foi natural pra mim caminhar até a mala mais próxima, pegar a primeira meia que vi pela frente e tentar vestí-la, - o que eu não esperava era que algo caísse de dentro dela. Demorei uns segundos pra absorver a imagem da caixinha vermelha. Tive de ler os nomes "Mariana" e "Fernando" gravados nas alianças para cair na realidade. Fui, abismada, atrás de minha mãe na sala, e mostrei a ela a caixinha vermelha. Fernando estava dormindo, então todos os pulos e gritos de felicidade que demos foram no maior silêncio possível, para não acordá-lo e para não estragarmos a surpresa. Afinal, ainda havia surpresa: onde seria? Quando? Como?. Abracei minha mãe feliz, tão feliz que ficamos, e voltei a esconder as alianças na meia, exatamente onde estavam. Quando me deitei pra dormir, fiquei olhando pra ele e pensando: meu Deus, eu vou casar".
Mariana.
"O dia estava tão quente, tinhamos marcado de conhecer a vinícola Bouza, fazer nossa degustação e almoçar por lá. Estava ansioso por que decidi que seria o dia em que eu ia pedir ela em casamento. Claro que não imaginava que ela tinha descoberto, que ela tinha pego justamente a meia em que tinha escondido tão bem, na minha cabeça, as alianças.
'Como levar uma caixa de alianças ?', pensei, não tinha como ser no bolso da calça por que não era tão pequena, então acabei levando uma blusa em um dia fazendo 200 graus de calor. Depois fiquei sabendo que ela desconfiou bastante por que eu não tirava a blusa de jeito nenhum.
Quando chegou a hora, gastei todo meu romantismo, que não é lá aquelas coisas dizendo: 'está tudo perfeito né?', Mariana, feliz de vinho, respondeu, 'sim'.
E lancei minhas cartas: 'mas está faltando uma coisa...', e ela ficou negando, não disse o esperado que seria: 'o que?', ao invés disso, disse que estava tudo perfeito e não faltava nada. Bom, depois do timing ter evaporado, eu insisti no que faltava, propus para ela e foi o momento mais lindo da minha vida. Faltava ela ser minha esposa."
Fernando